Por isso, há uma briga judicial envolvendo os empresários Tony Fernandes e Dany Bahar. O primeiro representa o Team Lotus, e alega que comprou os direitos de David Hunt, antigo dono da escuderia. Já o segundo entrou na Fórmula 1 com a nova Lotus Renault, e conta com o legado de Colin Chapman, que fundou a lendária equipe em 1958. A confusão se decide na Justiça, mas não se resolve nem na cabeça dos pilotos. O italiano Jarno Trulli, que correu pela Lotus malaia em 2010, desabafou nesta semana sobre o constrangimento causado pela indefinição: "Qual é a real? Não sabemos, é embaraçoso, surreal".
Curioso mesmo é que Team Lotus e Lotus Renault anunciaram que vão reeditar a pintura clássica usada pela equipe nas décadas de 70 e 80, inspirada na marca de cigarros John Player Special. Por muito menos, a Ferrari teve que abolir o código de barras de seus carros e macacões por causa de uma suposta mensagem subliminar a favor do patrocinador Marlboro.
Afinal, a John Player Special ainda existe, mesmo sem a mesma força daquela época. Os maços de cigarro em preto e dourado já não se encontram no Brasil, mas ainda são vendidos nos Estados Unidos e na Europa. Com dois carros exibindo suas cores, a marca então contará com um merchandising gratuito, referente a um patrocínio de 30 anos atrás.
Trata-se de um caso parecido com o Parque Antarctica, estádio do Palmeiras, que herdou o nome do parque fundado pela Companhia Antarctica Paulista no século XIX. No caso da John Player Special, a parceria com a Lotus começou em 1972, foi até 1978 e depois foi reeditada entre 1981 e 1986.
Dentre todas as outras pinturas que a escuderia já teve, nenhuma fez mais sucesso do que a preta e dourada, especialmente no Brasil. Foi nesse carro que Emerson Fittipaldi venceu o seu primeiro título, em 1972. Também com essas cores, Ayrton Senna chegou à primeira vitória, em 1985.
Antes mesmo da briga atual entre as duas Lotus, a marca John Player Special já estava em evidência. No GP do Japão de 2010, Bruno Senna fez uma exibição com uma réplica do famoso carro. Em Interlagos, o carro preto e dourado que foi de Emerson Fittipaldi ficou em exposição durante a corrida, e chegou a acelerar nas ruas de São Paulo.
Mas não é à toa que o merchandising da John Player Special na Lotus deu tão certo. A equipe foi a primeira da história da Fórmula 1 a fazer parceria com uma fabricante de cigarros. Em 1968, Colin Chapman firmou contrato de patrocínio com a Imperial Tobacco e estampou as cores vermelha e dourada do Gold Leaf.
Desde então, muitas outras equipes seguiram o exemplo. Ayrton Senna voltou a pilotar um carro com cores de cigarro em sua melhor fase, na McLaren pintada pela Marlboro. A mesma McLaren adotou o design dos maços de West anos mais tarde, com Mika Hakkinen. Já a Ferrari nunca abriu mão do tradicional vermelho, mas continua tendo Marlboro no seu nome e tem enfrentado problemas com as mensagens subliminares pró-fumo.
ANÁLISE: ERICH BETING
"Isso mostra que o case da Lotus e da John Player Special vale até hoje. A marca ficou eternizada, mesmo sem gastar um centavo hoje em dia. O que precisa ver nessa disputa pelas cores é se as equipes não correm risco lá na frente, por causa da restrição da publicidade de cigarros na Fórmula 1"
Erich Beting, blogueiro do UOL
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