Entrevista de Schumacher a Livio Oricchio do Estdao, antes do GP da Turquia. Na verdade, o titulo original da materia é - Schumacher:”Eu era e ainda sou excepcional” So fiz uma mudançazinha...
Livio Oricchio, de Istambul
A derrota no confronto com o companheiro de Mercedes, Nico Rosberg, 17 anos mais jovem, no ano passado e nesta temporada, até agora, diz o contrário, mas Michael Schumacher afirma, nessa entrevista ao Estado, em Istambul, que era um piloto excepcional e talvez ainda o seja. “Quantos fariam o que faço aos 42 anos?”, argumenta.
O piloto de maior sucesso de todos os tempos, sete vezes campeão do mundo, vai para a pista hoje de novo, nos treinos livres do GP da Turquia, quarta etapa do campeonato. Milionário, responde aos quem pensam que é apenas para se divertir: “Acredito que ainda posso ser campeão do mundo”.
Para um profissional que passou a ideia de, em condições normais, ser invencível, atestada pelas impressionantes 91 vitórias na Fórmula 1, causa estranheza vê-lo quase sempre perder para o parceiro de time, os quais sempre, sem exceção, bateu sem dificuldades.
Estado (E)– O Michael Schumacher de hoje, aos 42 anos, faria o mesmo sucesso que fez na Ferrari, ao conquistar cinco títulos seguidos, de 2000 a 2004?
Michael Schumacher (MS) – Em 2002 sem dúvida alguma. Nossa vantagem era enorme e não questiono a minha capacidade. Se você me perguntar se sou tão capaz como em 2002, a reposta é provavelmente não. Quanto eu sou diferente, quanto eu posso compensar com a experiência essa Fórmula 1 de hoje, bem mais lenta daquela, é difícil responder. É justo afirmar que o sucesso que tive é porque eu era excepcional e talvez ainda o seja. Quantos fariam o que faço aos 42 anos? E depois de ter parado três anos? Estou muito feliz com o meu trabalho. Se a Fórmula 1 fosse 10 segundos mais rápida, talvez não. Esse não é o caso. Pergunte aos preparadores físicos e eles dirão, unanimemente, que ainda estou no auge. Já alguns comentaristas de TV, ex-pilotos, jornalistas, que desconhecem os detalhes do meu real estado, afirmam o oposto. (Em 2010, Rosberg somou 142 pontos e Schumacher, 72. Neste Mundial, depois de três etapas, está 10 a 6.)
E – Quando você compara os dados de desempenho detectados pela telemetria (sistema de monitoramento do carro), onde você perde o duelo para Rosberg?
MS – Em 2010, ele era mais veloz nas curvas lentas. Eu até hoje não compreendi os pneus que usávamos (Bridgestone). Mas já no primeiro teste com a Pirelli vi que eles batiam com o que eu conheço de automobilismo e fui profundamente confiante para a abertura da temporada, na Austrália. Se você perguntar a nossa equipe, eles te responderão que hoje eu sou mais rápido que Nico nas curvas de alta velocidade e, quando o carro está equilibrado, ando na frente dele. E que quando a asa móvel não funciona eu não sou, essa é a realidade (segundo o piloto, a Mercedes enfrenta dificuldades com o seu sistema de flap móvel).
E – Há quem diga que você está arranhando a imagem que construiu com imenso brilhantismo nas pistas ao não ser mais um protagonista do evento e sim apenas um coadjuvante.
MS – A respeito de não lutar pelas vitórias, eu não sei quanto as pessoas têm consciência da real dimensão do nosso time. Ele é pequeno. Há um acordo entre as equipes para limitar o número de integrantes. Ross Brawn (diretor da Mercedes) segue a regra. A Red Bull, não, possui muito mais empregados. Não há como competir, as duas escuderias estão sob regras distintas. Ou a Mercedes passa a jogar o mesmo jogo ou então que as regras sejam cumpridas por todos.
E – A geração que você enfrenta hoje, de campeões jovens como Sebastian Vettel e Lewis Hamilton, por exemplo, é mais forte das que você competiu antes?
MS – Sem a menor dúvida. Atualmente o profissionalismo é extremo em todas as áreas de formação de um piloto. Num certo sentido, eu sou o responsável por isso na Alemanha. A Fórmula 1 não existia lá. O meu sucesso atraiu várias empresas para a competição e o que elas precisam, na essência, é ter grandes pilotos, por esse motivo investem em programas de desenvolvimento de jovens talentos. No passado, você via pilotos do talento de Ayrton Senna bater no guardrail, em Mônaco, por causa do cansaço, ou Nigel Mansell se arrastando depois de sair do carro. Hoje os pilotos acabam a prova e deixam o cockpit pulando. E isso se estende para a área técnica também. No caso de Vettel, ele sempre me acompanhou e teve a chance de assimilar o que eu lhe passava de mensagens positivas e aprendia também com os meus erros.
E – No final do ano que vem termina o seu contrato. Já pensou que caminho profissional seguirá?
MS – A exemplo de quando eu me retirei, no fim de 2006, não pensei nisso. De verdade não sei. Tenho muitos hobbies, vamos ver, ou ficar com minha família. Não me vejo trabalhando numa equipe de Fórmula 1 a não ser na condição de piloto, o que amo profundamente. Essa paixão pela competição ainda está bem viva dentro de mim.
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