Com o banimento dos motores turbinados no final dos anos 80, a equação dos carros de fórmula 1 se tornou mais complexa. Afinal, o projetista se concentrava em construir um carro que transferisse a altíssima potência dos propulsores para as rodas e trabalhar o equilíbrio do chassis para não desgastar os pneus.
No início da década, trabalhando com motores aspirados (as equipes tinham opções desde V8 até V12 e o peso desses motores variava de acordo com a potência), o carro voltou a ficar mais pesado. A Ferrari, por exemplo, utilizava motores V12, com enorme potência, mas, pesados demais, obrigavam o projetista a desenhar carros com aerofólios muito baixos (Como na foto abaixo) e com entradas de radiador enormes e o que se traduzia em enorme força e embalo nas retas, tirava todo equilíbrio do carro nas curvas.
Já os carros com V8 eram extremamente equilibrados conseguiam ir bem em circuitos de rua, com muitas curvas de baixa velocidade, mas não tinham velocidade nas retas. Os carros mais equilibrados do início da década possuíam motores V10, eram mais compactos e com desenho aerodinâmico mais ousado. Caso das temporadas de 1991 (McLaren) e 1992 (Williams).
Uma das grandes revoluções da F1 aconteceu em 1993, a Williams lançou o FW 15, monoposto com suspensão ativa (que viria a ser proibida para a temporada seguinte). Desenhado por dois gênios das pranchetas, Patrick Head e Adrian Newey, o modelo conquistou o mundial de construtores com o dobro dos pontos e de vitórias da McLaren, vice-campeã.
Já a partir de 1994, com praticamente todos os carros correndo com motores V10 e V8 (somente Ferrari corria com V12), pneus iguais para todos os carros, a disputa pela aerodinâmica ficou mais acirrada. A Benetton, com seu B194 V8 conquistou o mundial de pilotos com um carro apelidado de “tubarão”, projetado por Ross Brawn e Rory Byrne, que conquistaria também o mundial de pilotos e construtores de 1995. O carro tinha um bico frontal totalmente diferente dos demais, mas também se descobriu que o equilíbrio de suspensão do carro era fantástico, além do advento do controle eletrônico de tração, que fazia com que o carro diminuísse a velocidade mesmo com o piloto acelerando em curvas, evitando a derrapagem.
Em 1996, a Scuderia Ferrari faz quatro movimentos para voltar a ser campeã. Contrata o alemão Michael Schumacher, Bi-campeão, traz para dirigir a equipe Ross Brawn, para projetar o carro John Barnard e Rory Byrne e finalmente adere aos motores V10. Após 4 anos perdendo títulos, mas evoluindo como equipe, em 2000, assim como no post “Anos 80. A fórmula 1 na era turbo” onde coloquei o MP4/4 como um dos carros mais brilhantes da época, o Ferrari F2000 V10, com um câmbio automático de 7 velocidades, é um “puro sangue” de Maranello. Ganhou 10 das 17 corridas do ano e fez a Ferrari ganhar um título após 21 anos de jejum. O F2000 tinha todos os ingredientes de um vencedor, motor, aerodinâmica, equilíbrio.
Se foi uma década morna em termos de desenvolvimento de motores, pneus e potência, sem dúvida foi uma década rica em aerodinâmica (é muito interessante olhar neste artigo a evolução nas fotos dos carros) e decretou a entrada de um elemento muito importante até hoje. A telemetria, mas sobre isso falaremos no próximo artigo, a Fórmula 1 de 2000 a 2009.
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