Como já havia descrito, na década de 70 houve uma grande mudança nos motores da Fórmula 1: a entrada dos motores turbo. A turbina chegava a dar uma potência de 30% a 50% maior aos motores, fazendo com que os F1 fossem muito mais rápidos nas retas. No início da década, as configurações de tamanho de pneus (maiores atrás e menores na frente) não haviam mudado. O que mais chama atenção entre os primeiros anos foi o foco total das equipes em dotarem os F1 de propulsores cada vez mais potentes, deixando para segundo plano a aerodinâmica.
Os dois modelos acima (Renault RE/20 V6 turbo de 1980 e Ferrari 126 C3 V6 turbo de 1983) diferem muito pouco. Ambos utilizaram pneus Michelin e tinham câmbio manual de 5 marchas (os nossos carros de passeio na época tinham somente 4 marchas). No campo aerodinâmico, se destacavam as menores entradas de ar nas laterais (em relação à década anterior), uma vez que mesmo mais potentes os motores não necessitavam de tanta refrigeração, já que com o uso da turbina e a evolução dos compostos estes ficaram muito mais leves e menores. O peso dos carros beirava os 600 Kg.
Já no meio da década, a entrada da equipe Honda na fórmula 1 como fornecedora de motores, veio a revolucionar a era turbo. Forneceu a princípio para a Lotus e no ano seguinte (1985) para a Williams. (Na foto acima Nigel Mansell em 1986 com o Williams FW 11 Honda V6 turbo, de apenas 540 Kg). Esse carro foi desenhado por Patrick Head e Frank Dernie. Era a entrada definitiva das grandes montadoras e o fim da era romântica da F1. Além dos motores, as equipes focavam seu desenvolvimento em suspensões que fizessem o piloto ganhar tempo em curvas (já que nas retas os desempenhos passaram a ser muito semelhantes). Também foi a década da entrada dos chassis feitos totalmente em Fibra de Carbono, muito mais resistentes às torções de potência do motor.
Com a ida de Ayrton Senna para a McLaren em 1988, os motores Honda turbo V6 migraram da equipe Lotus para a fábrica de Wooking e o sul africano Gordon Murray e o inglês Steve Nichols desenharam a máquina de Fórmula 1 que mais se aproximou da perfeição. Com apenas 1500 cc (um motor 1.5) turbo V6, eles desenharam o MP 4/4 e a McLaren ganhou 16 das 17 corridas daquele ano. Foi a combinação perfeita entre Motor e aerodinâmica, pois com as restrições de pressão dos turbos no final da década, os principais engenheiros voltaram o foco para o desenvolvimento aerodinâmico nos túneis de vento (entenda o que é túnel de vento aqui).
Ao final da década, a FIA já programara para 1990 o fim da era turbo, alegando problemas de segurança. O desenvolvimento aerodinâmico ficaria cada vez mais intenso, mas isso é assunto para o próximo artigo, onde analisaremos a evolução dos carros de fórmula 1 na década de 90.
Foi, sem dúvida, a década onde os carros mais evoluíram e as equipes se tornaram mais profissionais. Também observa-se que ao final desse período o investimento de grandes empresas em marketing nas equipes (principalmente a indústria do tabaco) impulsionou esse desenvolvimento. E assim foi a era Turbo.
No comments:
Post a Comment