Sei que a história da Fórmula 1 não se restringe aos últimos 40 anos, lá se vão 60 anos, mas não vejo interesse nos anos anteriores, principalmente por brasileiros, já que nosso romantismo maior vai até a era Fittipaldi. Portanto, na elaboração deste primeiro artigo sobre a evolução dos carros de F1 ao longo dos anos vou colocar como ponto de partida a década de 70.
Este artigo será bem menor que os seguintes, uma vez que é fruto de pesquisa, pois não acompanhei a época. Ainda era uma aventura se fazer um carro da categoria principal do automobilismo na época, para se ter uma idéia, um chassi durava no máximo 7 corridas. Os custos, como hoje, eram um problema grande e as equipes mais criativas tinham mais chance de se sobressair sobre as outras. Não era só a competência de um time ou de um piloto que fazia uma equipe campeã.
Os carros, como se pode observar nas fotos, tinham pneus muito mais largos nas rodas traseiras e mais finos nas dianteiras. Isso se explica pela evolução da aerodinâmica. As rodas mais largas atrás objetivavam uma maior estabilidade nas curvas, utilizando-se da maior área de aderência dos pneus à pista. Mas, se um engenheiro colocasse rodas tão largas na frente, o coeficiente de penetração aerodinâmica (velocidade com que o vento passa sem oferecer resistência no veículo) seria muito alto e o carro andaria menos em reta. Na época, não era o regulamento que determinou isso, e sim a inventividade dos engenheiros. As principais marcas na época eram a Goodyear e a Michelin.
Outra característica a ser observada era a menor altura dos carros na parte dianteira em relação à traseira. Era o chamado efeito “coca-cola”, os chassis (em sua maior parte) eram construídos seguindo o desenho de uma garrafa do refrigerante (quando vistos de uma perspectiva de baixo para cima) para facilitar o escoamento do vento que entrava pelos radiadores. Assim, o ar saía entre o assoalho e o chão, não oferecendo resistência nos pneus traseiros. O dono da equipe Lótus e engenheiro Colin Chapman criou já no fim da década o famoso “efeito solo” (ground Effect), que com abas laterais beirando o chão criava um efeito de altíssima velocidade em curvas, sendo proibido pela FIA anos depois. Seus carros eram chamados de Carro-asa e arrebataram vários títulos devido à sua genialidade.
O maior desafio dos engenheiros e mecânicos da época era a combinação peso x potência do motor. Quanto maior a potência desejada maior era seu peso e ter uma “cavalaria” empurrando atrás um carro que pesa o dobro dos concorrentes não adiantava de nada, principalmente que em termos de desgaste de pneu e aderências nas curvas não ajudava em nada o piloto. Os maiores estudos eram no sentido contrário, em ter motores mais leves e com maior potência. Em sua maioria eram motores Cosworth de 12 cilindros, mas fábricas como a Ferrari traziam seus próprios motores.
Os principais frutos deixados por esses engenheiros ao longo da década foram a ignição eletrônica (fim do platinado e distribuidor), a injeção eletrônica (fim dos carburadores) e os freios a disco (fim dos freios a tambor), que hoje são comuns até em carros populares. Ao final da década houve a introdução dos motores turbinados, que inaugurou uma nova era na Fórmula 1 e que perdurou por todos os anos 80. Foi o fim do romantismo e o início da era “business” da fórmula 1 e sobre essa década a gente fala aqui em breve!
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