Os tifosi sempre vão à Monza para ver a Ferrari vencer, não importando o piloto. Se a Ferrari está mal, esperam por um milagre. No entanto, os torcedores italianos viram um verdadeiro milagre acontecer antes mesmo que os carros fossem à pista na chuvosa sexta-feira em Monza. Quarenta dias após quase ter morrido em Nürburgring, Niki Lauda retornava ao cockpit da Ferrari de número 1 para participar do Grande Prêmio da Itália e tentar conter a avanço de James Hunt, que se aproveitara da ausência do piloto da Ferrari para vencer na Alemanha e a na Holanda.
A Ferrari 'confiava' tanto na volta de Lauda, que já contratara Carlos Reutemann para substituir o austríaco e o argentino iria estrear pela Ferrari em Monza, mas como terceiro piloto. Os comissários italianos estavam rigorosos e já no primeiro dia de atividades, cinco carros foram desclassificados por irregularidades na altura e dimensão dos aerofólios. No sábado a chuva cessou e Jacques Laffite utilizou a potência do motor Matra para conseguir sua primeira pole na F1, enquanto Lauda ficava com o melhor tempo entre os carros da Ferrari, Regazzoni ficando apenas em 12º. Depois do segundo treino classificatório, os comissários recolheram amostras de combustível de todos os carros, encontrando gasolina de maior octanagem que a permitida nas McLarens de Hunt e Mass, além da Penske de John Watson. Os três tiveram seus tempos anulados e largariam nas últimas posições. Não faltou quem acusasse os italianos de estarem se vingando dos ingleses, que devolveu uma vitória para Hunt após o mesmo ter sido desclassificado do GP da Espanha no começo do ano.
Grid:
1) Laffite(Ligier) - 1:41.35
2) Scheckter(Tyrrell) - 1:41.38
3) Pace(Brabham) - 1:41.53
4) Depailler(Tyrrell) - 1:42.06
5) Lauda(Ferrari) - 1:42.09
6) Stuck(March) - 1:42.18
7) Reutemann(Ferrari) - 1:42.38
8) Peterson(March) - 1:42.64
9) Regazzoni(Ferrari) - 1:42.96
10) Ickx(Ensign) - 1:43.29
O dia 12 de setembro de 1976 amanheceu chuvoso em Monza, o que não era normal para aquela época do ano, mas ao meio-dia a chuva parou e quando os carros estavam preparados para a largada, a pista estava seca. A chicane após a linha de chegada/largada era nova e por precaução, os pilotos foram instruídos a não tentar ultrapassagens no local na primeira volta, mas ainda assim a largada foi consusa. Scheckter não quis nem saber de proibição e ultrapassou Laffite ainda antes da chicane, seguido de perto por Carlos Pace, que conseguira um ótimo desempenho na Classificação. Infelizmente, a corrida do brasileiro seria atrapalhada por um problema no motor Alfa Romeo que faria Pace abandonar ainda na quinta volta. Talvez emocionado ou não muito acostumado, Niki Lauda larga muito mal, caindo para 12º, fazendo o contrário Regazzoni, que pula para quinto, seguido por Carlos Reutemann. A presença do argentino era um claro incômodo para Regazzoni, que via sua vaga na Ferrari indo para o brejo...
Enquanto Scheckter tentava imprimir um bom ritmo e disparar na frente, atrás do sul-africano uma animada briga se formava entre Laffite, Patrick Depailler e Ronnie Peterson, que havia conseguido uma baita largada. O francês estava tendo problemas de aquecimento em seus pneus (Felipe Massa pode começar a parar de chorar...) e Laffite seria rapidamente ultrapassado por Depailler e Peterson, caindo para quarto. Mais atrás, Lauda fazia uma boa corrida de recuperação, mostrando que o tempo fora das corridas para se recuperar das graves queimaduras em seu rosto e nos pulmões não tinha tirado a frieza e talento do austríaco, que rapidamente se aproximava dos seis primeiros colocados, os que pontuavam. Mesmo objetivo tinha James Hunt, que vinha que nem um alucinado, fazendo praticamente uma ultrapassagem por volta, mas com sua McLaren não muito acertada e correndo apenas com muita garra, não demoraria para o inglês errar na primeira chicane e abandonar com a suspensão traseira quebrada.
Após ultrapassar Depailler e desfazer a dobradinha da Tyrrell, não deixava de ser surpresa Ronnie Peterson brigando com Scheckter pela primeira posição. A March não vinha fazendo uma boa temporada e fazia um bom tempo que Peterson não fazia uma boa corrida como aquela, mas a verdade é que Peterson estava colado em Scheckter, que começava a ter problemas de dirigibilidade do seu carro. Na décima volta Peterson saiu do vácuo de Scheckter na reta dos boxes e vai para primeiro. Em poucas voltas o sul-africano tinha forçado tanto seus pneus, que ele virou presa fácil dos demais, sendo ultrapassado por Depailler e Laffite em voltas consecutivas. Na volta 20 Regazzoni assumiu a quarta posição e duas voltas depois, começou a chover em Monza. Algo raríssimo no Grande Prêmio da Itália. Por causa da pista escorregadia, Mario Andretti e Hans-Joachim Stuck, que brigavam pela nona posição, rodaram após a reta dos boxes.
Segundo novas regras da época, quando o diretor de prova sentisse que a corrida estava perigosa demais devido à chuva, seria mostrada uma bandeira preta com uma cruz branca, fazendo com que os pilotos parassem nos boxes na volta seguinte para um reinício de prova. Assim foi feito e alguns pilotos foram aos boxes e outros não, causando um verdadeiro caos na corrida. A prova não foi parada e alguns pilotos, como Reutemann e Emerson Fittipaldi, foram prejudicados. Por sorte, nenhum dos líderes marcou bobeira e ficaram na pista, enquanto Depailler se aproximou de Peterson na luta pela primeira posição e chegou a emparelhar com o sueco, mas Peterson fica com a melhor tomada da curva e permanece na ponta até a bandeirada final. Infelizmente Patrick Depailler tem problemas de motor no final da corrida e perde várias posições, enquanto Lauda ainda consegue ultrapassar Scheckter e assumir a quarta posição, aumentando para cinco pontos sua vantagem para Hunt no campeonato. Nem a terceira vitória de Ronnie Peterson em Monza poderia fazer frente ao que Niki Lauda fez naquele dia. Com o rosto deformado e ainda fazendo fisioterapia nos pulmões, Lauda voltava ao carro que quase o matou dias antes. Foi um dia épico de um grande mito da velocidade.
Chegada:
1) Peterson
2) Regazzoni
3) Laffite
4) Lauda
5) Scheckter
6) Depailler
A Ferrari 'confiava' tanto na volta de Lauda, que já contratara Carlos Reutemann para substituir o austríaco e o argentino iria estrear pela Ferrari em Monza, mas como terceiro piloto. Os comissários italianos estavam rigorosos e já no primeiro dia de atividades, cinco carros foram desclassificados por irregularidades na altura e dimensão dos aerofólios. No sábado a chuva cessou e Jacques Laffite utilizou a potência do motor Matra para conseguir sua primeira pole na F1, enquanto Lauda ficava com o melhor tempo entre os carros da Ferrari, Regazzoni ficando apenas em 12º. Depois do segundo treino classificatório, os comissários recolheram amostras de combustível de todos os carros, encontrando gasolina de maior octanagem que a permitida nas McLarens de Hunt e Mass, além da Penske de John Watson. Os três tiveram seus tempos anulados e largariam nas últimas posições. Não faltou quem acusasse os italianos de estarem se vingando dos ingleses, que devolveu uma vitória para Hunt após o mesmo ter sido desclassificado do GP da Espanha no começo do ano.
Grid:
1) Laffite(Ligier) - 1:41.35
2) Scheckter(Tyrrell) - 1:41.38
3) Pace(Brabham) - 1:41.53
4) Depailler(Tyrrell) - 1:42.06
5) Lauda(Ferrari) - 1:42.09
6) Stuck(March) - 1:42.18
7) Reutemann(Ferrari) - 1:42.38
8) Peterson(March) - 1:42.64
9) Regazzoni(Ferrari) - 1:42.96
10) Ickx(Ensign) - 1:43.29
O dia 12 de setembro de 1976 amanheceu chuvoso em Monza, o que não era normal para aquela época do ano, mas ao meio-dia a chuva parou e quando os carros estavam preparados para a largada, a pista estava seca. A chicane após a linha de chegada/largada era nova e por precaução, os pilotos foram instruídos a não tentar ultrapassagens no local na primeira volta, mas ainda assim a largada foi consusa. Scheckter não quis nem saber de proibição e ultrapassou Laffite ainda antes da chicane, seguido de perto por Carlos Pace, que conseguira um ótimo desempenho na Classificação. Infelizmente, a corrida do brasileiro seria atrapalhada por um problema no motor Alfa Romeo que faria Pace abandonar ainda na quinta volta. Talvez emocionado ou não muito acostumado, Niki Lauda larga muito mal, caindo para 12º, fazendo o contrário Regazzoni, que pula para quinto, seguido por Carlos Reutemann. A presença do argentino era um claro incômodo para Regazzoni, que via sua vaga na Ferrari indo para o brejo...
Enquanto Scheckter tentava imprimir um bom ritmo e disparar na frente, atrás do sul-africano uma animada briga se formava entre Laffite, Patrick Depailler e Ronnie Peterson, que havia conseguido uma baita largada. O francês estava tendo problemas de aquecimento em seus pneus (Felipe Massa pode começar a parar de chorar...) e Laffite seria rapidamente ultrapassado por Depailler e Peterson, caindo para quarto. Mais atrás, Lauda fazia uma boa corrida de recuperação, mostrando que o tempo fora das corridas para se recuperar das graves queimaduras em seu rosto e nos pulmões não tinha tirado a frieza e talento do austríaco, que rapidamente se aproximava dos seis primeiros colocados, os que pontuavam. Mesmo objetivo tinha James Hunt, que vinha que nem um alucinado, fazendo praticamente uma ultrapassagem por volta, mas com sua McLaren não muito acertada e correndo apenas com muita garra, não demoraria para o inglês errar na primeira chicane e abandonar com a suspensão traseira quebrada.
Após ultrapassar Depailler e desfazer a dobradinha da Tyrrell, não deixava de ser surpresa Ronnie Peterson brigando com Scheckter pela primeira posição. A March não vinha fazendo uma boa temporada e fazia um bom tempo que Peterson não fazia uma boa corrida como aquela, mas a verdade é que Peterson estava colado em Scheckter, que começava a ter problemas de dirigibilidade do seu carro. Na décima volta Peterson saiu do vácuo de Scheckter na reta dos boxes e vai para primeiro. Em poucas voltas o sul-africano tinha forçado tanto seus pneus, que ele virou presa fácil dos demais, sendo ultrapassado por Depailler e Laffite em voltas consecutivas. Na volta 20 Regazzoni assumiu a quarta posição e duas voltas depois, começou a chover em Monza. Algo raríssimo no Grande Prêmio da Itália. Por causa da pista escorregadia, Mario Andretti e Hans-Joachim Stuck, que brigavam pela nona posição, rodaram após a reta dos boxes.
Segundo novas regras da época, quando o diretor de prova sentisse que a corrida estava perigosa demais devido à chuva, seria mostrada uma bandeira preta com uma cruz branca, fazendo com que os pilotos parassem nos boxes na volta seguinte para um reinício de prova. Assim foi feito e alguns pilotos foram aos boxes e outros não, causando um verdadeiro caos na corrida. A prova não foi parada e alguns pilotos, como Reutemann e Emerson Fittipaldi, foram prejudicados. Por sorte, nenhum dos líderes marcou bobeira e ficaram na pista, enquanto Depailler se aproximou de Peterson na luta pela primeira posição e chegou a emparelhar com o sueco, mas Peterson fica com a melhor tomada da curva e permanece na ponta até a bandeirada final. Infelizmente Patrick Depailler tem problemas de motor no final da corrida e perde várias posições, enquanto Lauda ainda consegue ultrapassar Scheckter e assumir a quarta posição, aumentando para cinco pontos sua vantagem para Hunt no campeonato. Nem a terceira vitória de Ronnie Peterson em Monza poderia fazer frente ao que Niki Lauda fez naquele dia. Com o rosto deformado e ainda fazendo fisioterapia nos pulmões, Lauda voltava ao carro que quase o matou dias antes. Foi um dia épico de um grande mito da velocidade.
Chegada:
1) Peterson
2) Regazzoni
3) Laffite
4) Lauda
5) Scheckter
6) Depailler
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