Privado da potência dos motores Honda, mas ainda sobrenaturalmente rápido, Senna é focalizado aqui durante a conquista de sua sexta e última vitória no Grande Prêmio de Mônaco, em 1993.
O ano é 1993, a temporada ainda está começando. Após sua vitória em Mônaco, Senna passaria à frente de seu grande rival Alain Prost no campeonato. Não mais colega de equipe sob o comando de Ron Dennis na McLaren, como durante o tumultuado final dos anos 80, Prost iria contra-atacar com quatro vitórias seguidas, o suficiente para lhe garantir o quarto título mundial – e negá-lo para Senna.
A McLaren, contando com motor Ford em vez do Honda, é um rápido borrão nas cores da Malboro, fazendo cada curva sem a mínima margem para erros.
Nesse mesmo circuito, cinco anos antes, Senna experimentou e descreveu a sensação de fluxo, um peculiar estado mental onde a habilidade de uma pessoa e os desafios da situação estão em perfeita harmonia.
“Eu já era o pole, depois baixei para meio segundo e depois um segundo, e apenas continuei. De repente, estava quase dois segundos mais rápido do que qualquer um, incluíndo meu companheiro de equipe, com o mesmo carro. E subitamente percebi que eu já não estava dirigindo o carro conscientemente. Eu o estava pilotando com um tipo de instinto, só que em outra dimensão. Era como estar num túnel. Não apenas o túnel sob o hotel, mas todo o circuito era um túnel. Eu apenas continuava, mais e mais rápido. Estava muito acima do limite, mas poderia ir ainda mais longe”.
Conforme o descrito por Mihály Csíkszentmihályi, meu camarada húngaro de nome impronunciável, fluxo é um tênue estado mental onde a pessoa está totalmente imersa no que está fazendo, com leve perda da consciência, algo um tanto assustador, como Senna aprendeu durante sua corrida pela pole em Mônaco.
“ Então de repente alguma coisa me tocou. Eu meio que acordei e percebi que estava em uma atmosfera diferente do normal. Minha reação imediata foi reduzir, ir mais devagar. Eu me dirigi lentamente para os pits, e não quis mais andar naquele dia. Isso me assustou porque eu estava muito além da minha consciência. Acontece raramente, mas eu mantenho essas experiências muito vivas dentro de mim porque é algo importante para a autopreservação.”
A autopresenvação iria escapar de suas mãos. No tão maligno GP de San Marino de 1994, 343 dias após sua última vitória em Mônaco, Ayrton Senna chocou-se com um muro de concreto e faleceu.
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