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Wednesday, August 10, 2011

O Beatles que amava a F1

A coluna vale a pena postar de novo volta a mostrar o Beatles que adorava o automobilismo.

George no GP da Inglaterra de 1977, em Silverstone.

 
George Harrison ao volante de um Lotus de 1961 no circuito de Donington durante o Gunnar Nilsson Memorial Trophy, em 1979. A foto é colaboração do acervo inesgotável de Rianov Albinov.

O mais famoso fã de Fórmula 1." Assim George Harrison é apresentado na edição de fevereiro de 2006 da revista inglesa "F1 Racing", que reproduz uma entrevista concedida ao jornalista inglês Chris Hockley em 1979. Um documento que captou de maneira excepcional a paixão de George pelas corridas.

O lado A do compacto do LP de 1979, com fotos de pilotos.
No lado B, homenagem a Gunnar Nilsson.

George Harrison foi o primeiro Beatle a vir ao Brasil - e o fez não para cantar, mas para assistir ao GP do Brasil naquele mesmo ano de 1979, em Interlagos. O cantor e guitarrista curtiu alguns dias de praia e sol como hóspede de Emerson Fittipaldi na casa que o bicampeão tinha em Guarujá. A paixão por automobilismo e motociclismo nasceu quando George era criança. Seu pai o levava para assistir corridas no circuito de Aintree, que ficava próximo a Liverpool e sediou alguns GPs da Inglaterra até 1963.

George tornou-se fã do piloto inglês Geoff Duke, seis vezes campeão mundial nas categorias 500 e 350 entre 1950 e 1955. Foi em Aintree que George assistiu em 1955, com 12 anos de idade, ao seu primeiro GP de Fórmula 1. "Simplesmente gostei", afirmou. "Sempre que havia alguma corrida eu ia para Aintree. Depois, comecei a me envolver com os Beatles, mas continuei sendo um grande fã de automobilismo. Durante a fase dos 'Fab Four', eu ia a Mônaco especialmente para ver os GPs." Curioso é imaginar George Harrison como um fã "normal", que fotografava tudo com uma câmera barata e escrevia para as equipes pedindo material para colecionar. Pois foi exatamente assim que ele passou sua adolescência. Organizou tudo em álbuns e preservou-os com todo o cuidado até deixar a casa de seus pais - o que aconteceu em 1960, quando George tinha 17 anos e já tocava com John Lennon, Paul McCartney e Pete Best (que em 1962 seria substituído por Ringo Starr). "Eu tinha fotos BRM, Connaught, Vanwall, todas essas coisas. Tenho certeza de que tudo isso está em algum lugar do sótão da casa do meu pai", afirmava George na entrevista publicada na F1 Racing.

GP da Inglaterra, 1999: com Mario Illien, da Mercedes-Benz, e Emerson Fittipaldi.

Em 1977, George teve a oportunidade de pilotar um Fórmula 1 contemporâneo. O guitarrista acompanhou seu amigo Barry Sheene, campeão mundial de motociclismo na categoria 500 cm³ em 1976 e 1977 e que testaria um Surtees TS 19 em Brands Hatch. Encerrado o teste, Sheene insistiu com John Surtees que deixasse o músico dar algumas voltas no carro. George deu algumas voltas no Mercedes de Sheene para conhecer o traçado e em seguida assumiu o cockpit do TS 19 usando capacete e macacão emprestados por Surtees e Sheene. Um resumo de suas lembranças: "Não era um carro competitivo. Mas para mim, que nunca havia pilotado, era fantástico! Não andei realmente rápido. Minha primeira preocupação ao sair do box era não deixar o motor apagar. Foi difícil: era muito tênue a diferença entre acelerar o suficiente para não deixar o motor apagar e acelerar demais a ponto de dar uma rodada. Ao mesmo tempo, eu pensava: 'Como venta aqui...' Só então lembrei de abaixar a viseira! Foi uma sensação ótima".

Nessa entrevista, George comenta a visita que fizera poucos meses antes ao Brasil: "Usei o GP como desculpa para ir ao Brasil, simplesmente porque eu nunca havia estado lá. Queria apenas ver como era e, quem sabe, passar alguns dias com Emerson Fittipaldi na praia. E eu realmente gostei do Brasil. Interlagos é um circuito fantástico. É um dos poucos do mundo em que você vê praticamente 90 por cento da pista estando em um único lugar."  Em seguida, Chris Hockley perguntou qual era a pista que George mais gostava. "Falando apenas como espectador, Interlagos é uma ótima pista. Também gostei de Jarama, Paul Ricard e Dijon." George compareceu a dezenas de corridas de Fórmula 1 e de Fórmula Indy (onde quase sempre era visto ao lado de Emerson Fittipaldi) até os últimos meses de sua vida. Em junho de 2001, esteve em Montreal para assistir ao GP do Canadá - provavelmente o último a que compareceu. Cinco meses mais tarde, no dia 30 de novembro, George morreu após uma longa batalha contra o câncer - a doença começou no pulmão e reapareceu em metástase.

A visita de George Harrison ao Brasil - sua única ao País - se deu em moldes que dificilmente seriam vistos nos dias de hoje com os "superstars" em atividade. Ele simplesmente veio e foi ao autódromo. Nenhum esquema especial de divulgação, nenhuma entrevista coletiva agendada. Um dos jornalistas que o entrevistaram foi Castilho de Andrade, do Jornal da Tarde.

Há quem jure que o asfalto de Interlagos foi usado como fundo para compor a foto da capa do disco "George Harrison", identificado por muitos fãs de corridas como "Faster" - na verdade, uma faixa do álbum que homenageia os pilotos de Fórmula 1. Como nunca consegui confirmação disso, sempre repeti a informação mais na base da lenda do que como verdade. E parece que é mesmo lenda. "George Harrison" foi lançado nos Estados Unidos em 9 de fevereiro de 1979 - apenas cinco dias depois do GP do Brasil daquele ano. Em todo caso, não fechei opinião sobre o assunto: pode ser que uma foto de Interlagos realmente tenha sido usada, mas ela dificilmente teria sido feita durante o final de semana da corrida de 1979. A música "Faster" foi lançada também em compacto simples, e este é uma peça de colecionador que eu gostaria de ter. A capa mostra George caminhando com Jackie Stewart em algum paddock qualquer. E o vinil é uma verdadeira obra de arte: o lado A, com "Faster", tem retratos de grandes pilotos de Fórmula 1; o B, com a música "Your love is forever", tem uma foto do Lotus de Gunnar Nilsson em 1977 - uma homenagem ao piloto sueco morto de câncer (por fúnebre coincidência, a mesma doença que matou George) em outubro de 1978.

Quem quiser curtir o video-clip da música Faster pode clicar aqui. Em outro vídeo, George canta "Here comes Emerson", uma saudação ao piloto brasileiro após se restabelecer do acidente sofrido em Michigan, em 1996. Por fim, uma homenagem mais recente a Emerson: Dinho Leme (Mutantes), Bruno Gouveia (Biquini Cavadão) e Henrique Portugal (Skank) cantam a música de George durante o programa Linha de Chegada, do SporTV.

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