O Grande Prémio do Brasil realizado em Interlagos a 27 de Janeiro de 1980.
Antes da segunda prova da temporada de 1980, para uma melhor compreensão dos acontecimentos, considero importante destacar alguns pontos.
Chamava a atencao de todos o acomodamento do campeao mundial de 1979, o sul africano Jody Scheckter. Displicente, preguicoso e indolente, Scheckter aceitou, passivamente, a preferência da Ferrari pelo canadense Gilles Villeneuve.
Scheckter, em diversas entrevistas, declarou achar muito natural a maior simpatia da Ferrari por Gilles Villeneuve. Ele se declarou um profissional que recebe salário para comprir as ordens da equipe, sem discuti-las. Um outro caso, indicando sérios problemas de gerenciamento, ocorria na equipe Fittipaldi.
Durante os treinos para o GP do Brasil, a equipe resolveu fazer testes de rapidez na troca de pneus. O resultado foi grotesco.
Na primeira tentativa, um dos mecânicos arrancou o bico do carro quando tentava colocar o macaco na frente do F7.Logo depois, outra simulação e novo fiasco. Carro no ar. Os mecânicos tiraram os quatro pneus. Antes de os novos pneus serem colocados, alguém retirou o macaco traseiro e o F7 esborrachou-se no chão. Peter Warr, visivelmente constrangido, encerrou o ensaio.
Os treinos:
A Renault tinha um carro que se adaptava muito bem as características de Interlagos.
Jean-Pierre Jabouille conquistou a pole position pilotando o seu modelo RE20 Turbo. Seu companheiro de equipe, Rene Arnoux, ficou com o 6º tempo.
Tradicionalmente forte no circuíto paulistano, a equipe Ligier andou bem nos treinos.
Didier Pironi pilotou mais rápido que Jacques Laffite. Pironi classificou-se em segundo lugar, enquanto Laffite ficava com o 5º tempo. Na Ferrari, Gilles Villeneuve continuava muito mais rápido que Jody Scheckter. O canadense fez o terceiro melhor tempo dos treinos, contra o 8º de Scheckter. Se na Argentina, Carlos Reutemann não conseguia bons resultados, no Brasil, mantendo a tradição, El Lote andou forte.
Reutemann conquistou a quarta posição no grid de largada, superando por larga margem o discreto 10º lugar de Alan Jones. Elio de Angelis, a revelação da equipe Lotus, classificou-se em sétimo, vencendo, mais uma vez, o duelo particular com Mário Andretti, o 11º no grid de largada.
Alguns contratempos, como o pescador de gasolina do tanque de combustível, fizeram com que Nelson Piquet realizasse um treino discreto. Ele obteve o nono tempo nos treinos classificatórios. A outra Brabham BT49, pilotada por Ricardo Zunino, classificou-se em 18º lugar.
Outro novato, Alain Prost, mostrou as suas qualidades ao classificar a sua McLaren na 13ª posição, cravando três segundos de diferença para o seu parceiro John Watson, o 23º tempo nos treinos. Um certo constrangimento foi instalado na equipe Fittipaldi. Keke Rosberg foi dois segundos mais rápido que Emerson Fittipaldi. O finlandês foi o 15o melhor classificado, enquanto Emerson amargava o 19º tempo.
A corrida. Domingo. Calor infernal. Largaram.
Jean-Pierre Jabouille largou mal e foi ultrapassado por Gilles Villeneuve.
O canadense completou a primeira volta na liderança. Jabouille recuperou-se e tornou a assumir a liderança na volta seguinte.
Frustrando a grande quantidade de torcedores argentinos, Carlos Reutemann abandonou a corrida ainda na primeira volta, por conta da quebra do semi-eixo da Williams.
Mario Andretti, na segunda volta espatifou a sua Lotus 81 na curva 2 e abandonou a corrida. Completaram a primeira volta, imprimindo um fortíssimo ritmo de corrida, Jabouille na liderança, seguido pelos pilotos da Ligier, Pironi e Laffite.
Gilles Villeneuve era o quarto colocado.
Realizando uma corrida de recuperação, Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet entusiasmavam o público brasileiro presente no autódromo, ao realizarem várias ultrapassagens.
Na 10ª volta, o campeão mundial Jody Scheckter abandonava a corrida com problemas no motor. Uma volta mais tarde, Emerson Fittipaldi ultrapassou John Watson na curva 3. Keke Rosberg, que vinha logo atrás, também ultrapassou Watson e, retardando a freada passou a frente de Emerson Fittipaldi.
A ultrapassagem foi classificada, por todos, como limpa e segura, argumentos que não convenceram um irritado Emerson, que chegou a tirar satisfações com Keke no final da corrida. O terceiro colocado, Jacques Laffite, abandonou a corrida na volta 14, com problemas no motor.
Mais dificuldades para a Equipe Ligier. Didier Pironi, andando em segundo lugar, parou nos boxes para trocar os pneus e retornou em último. Nelson Piquet, fazendo a sua corrida de recuperação, andava em 6o lugar, quando foi reto na Curva do Lago, em conseqüência da quebra da suspensão.
Emerson Fittipaldi, enquanto isso, parou duas vezes nos boxes, tentando encontrar respostas para o fraco desempenho do seu carro. O destaque da prova era Didier Pironi. O piloto da Ligier número 25 fazia uma corrida fantástica, recuperando posições volta a volta.
Lá na frente Jean-Pierre Jabouille liderava tranqüilo. O piloto da Renault tinha confortáveis 10 segundos sobre Rene Arnoux. Mas na volta 24, o motor turbo do seu Renault começou a falhar, provocando o abandono de Jabouille. A liderança caiu no colo de Rene Arnoux, que pilotava uma Renault inteira e sem problemas.
O segundo lugar era ocupado por Elio de Angelis, um jovem italiano de 21 anos que conduzia com muita classe a sua Lotus 81. Rene Arnoux marcava a volta mais rápida da corrida.
Alan Jones fez uma corrida apagada, preocupado apenas em marcar pontos para o campeonato. Ele terminou a corrida em terceiro lugar.
Didier Pironi, um dos destaques da prova, conseguiu chegar em quarto lugar depois de fazer várias ultrapassagens durante toda a corrida.
A quinta posição na corrida foi alvo do maior duelo da prova. Riccardo Patrese e Alain Prost eletrizaram o público, por várias voltas, com a garra e a disposição apresentadas.
Patrese defendia a posição e Prost atacava. O resultado final da luta foi sacramentado por Alain Prost ao conseguir sensacional ultrapassagem na Junção. Era apenas a segunda corrida de Alain Prost. Rene Arnoux, o vencedor do GP Brasil, estava tão satisfeito que foi para o pódio e, sem esperar pelos outros pilotos, estourou a champanhe e comemorou sozinho.
A corrida terminou com a seguinte classificação:
Rene Arnoux = Renault
Elio de Angelis = Lotus
Alan Jones = Williams
Didier Pironi = Ligier
Alain Prost = McLaren
Riccardo Patrese = Arrows
A classificação do Mundial de Pilotos ficou assim:
Alan Jones = 13 pontos
Rene Arnoux = 9 pontos
Nelson Piquet = 6 pontos
Elio de Angelis = 6 pontos
Keke Rosberg = 4 pontos
Didier Pironi = 3 pontos
Derek Daly = 3 pontos
Alain Prost = 3 pontos
Bruno Giacomelli = 2 pontos
Riccardo Patrese = 1 ponto
- Pole position: Jean Pierre Jabouille - 2:21.40
- Volta mais rápida: René Arnoux - 2:27.31
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