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Monday, October 24, 2011

O incrível vôo de Christian Fittipaldi

O post do leitor de hoje é de Adalberto Valadão, o mesmo disse que se lembrava muito bem deste incrível "vôo" e que por este motivo foi atrás de uma imagem e junto conseguiu o texto que é de Lemyr Martins, vamos à imagem e ao texto.





Christian Fittipaldi estava na última das 53 voltas do GP da Itália de 1993. Tinha contornado a curva Parabólica e entrado na reta dos boxes preparando-se para passar Pierluigi Martini, seu companheiro de Minardi, e receber a bandeirada em quinto lugar.

Seria mais uma manobra corriqueira num grande prêmio de Fórmula 1, se o pneu dianteiro do carro do brasileiro não tocasse no pneu traseiro do protótipo de Martini e alçasse Christian ao vôo mais fantástico de sua vida. Uma viagem entre a vida e a morte que ele gravou nas minúcias.

“A primeira coisa que senti foi impacto leve e percebi que o Fórmula 1 decolou. Vi que o céu estava muito azul, e azul era a única cor que via. Aí pensei, quando esse carro cair eu nunca mais verei o céu. Puxa vida, estou aqui dentro dessa coisa, sem nenhum arranhão e em alguns segundos não vou mais estar nesse mundo.

Sentia-me impotente. Afinal, não podia fazer nada. Pensei em soltar o cinto, mas estava voando, era um passageiro entre aquela realidade e o fim dela. Tinha plena convicção da situação. Ainda estava inteiro, mas o que aconteceria quando aquele carro, que estava a cinco metros de altura, talvez mais, despencasse?

Como seria o primeiro impacto? Ouviria um estrondo? O carro iria se desintegrando e eu batendo, quebrando um braço, depois uma perna?

É incrível que numa fração de segundo vi passar o filme da minha vida. Voltei à infância, cai da bicicleta, corri de kart e voltei ao volante do automóvel que guiei pela primeira vez. Estava assistindo as proezas da minha adolescência, mas enxergava tudo do lado de fora do carro, acho que de outra dimensão.

Voltei à realidade e me preparei para um terremoto, para sentir dor, mas nada aconteceu. O carro aterrissou suave. Foi como se apenas estivesse ultrapassado um obstáculo. Senti as rodas traseiras tracionarem suaves, empurrando o carro para à frente. Jamais tive uma rolagem tão macia. Milagre? - não sei.

Mas duvido que exista alguém com ciência suficiente para calcular aquele fenômeno com a exatidão acontecida. Fui ao céu e aterrissei com um Fórmula 1, a 320 km/h, e não me machuquei, não sofri nenhuma dor na hora e nem depois, nunca. Não ficou a mínima seqüela. Foi tão surpreendente aquele final que eu demorei a voltar à Terra. Permaneci imóvel dentro do cockpit do Minardi porque estava confuso. Queria me sentir feliz, mas ainda havia pouca distância entre o espanto e a realidade. Eu estava inteiro, mas não acreditava naquela volta à vida’.

Mais tarde, Christian assistiu às imagens projetadas numa tela do motorhome e também não acreditou no que via. No filme, tomado dos boxe em ângulo lateral, o Minardi-Ford era um meteoro, riscando o espaço a 320 km/h, destacado pela tribuna de honra ao fundo. Parecia efeito especial se comparadas com as cenas captadas de frente pelas câmeras da televisão.

Disfarçado, Christian bateu o pé no chão, feliz por estar em terra e surpreendeu-se com a reprise: “ Eu fiz isso”?

Fez. E aos 22 anos, Christian Fittipaldi viveu, naquele GP da Itália de 1993, o fantástico “Vôo de Monza”, como ficou conhecido e passou à história da Fórmula 1. Um acidente que festejou a segurança dos carros, a confiabilidade dos materiais e, claro, a sorte do piloto. Mas ele mantém um segredo da aventura.

“Olha, eu guardei a telemetria daquela corrida. Um mapa do computador onde fica impresso tudo o que ocorre com o carro durante o grande prêmio. Freada, consumo de combustível, velocidade etc. Pois bem, a minha velocidade, no momento do choque era de 315 km/h e a dele (Pierluigi Martini) de 287 km/m. Era muita diferença para eu ter uma aproximação tão rápida, mesmo com todo o aproveitamento do vácuo. Ainda não tinha revelado isso a ninguém para não haver fofoca, mas ficou claro que ele deu uma tirada de pé do acelerador para que eu freasse e não complementasse a ultrapassagem, Do contrário, seria impossível a traseira do carro dele crescer tão rápido à minha frente”.

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